quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

HIPOCRISIA? TÔ FORA

Sabe o que eu odeio: hipocrisia. No mundo das mães, a hipocrisia é muito bem representada na falsa supermãe. A falsa supermãe é aquela que critica o tempo todo a maneira como as outras mães criam e educam os seus filhos e que está sempre pronta pra falar “eu é que não vou fazer nunca isso com o meu filho”. É aquela que quando você volta a trabalhar depois da licença maternidade, seja por necessidade ou por vontade, é a primeira a soltar um comentário do tipo “Ai, que horror! Pra que ter filho se é pra deixar pros outros cuidarem”. E vai seguindo com seu falso moralismo, se achando a criatura mais especial e mais sacrificada da face da Terra porque largou tudo, tudo mesmo, trabalho, lazer, amigos, só pra se dedicar ao filho. Mas, é aí que entra a hipocrisia, não se sente nem um pouquinho feliz com essa nova condição e despeja todo seu mau humor e suas frustrações em cima da criança. Só que, pra manter a aparência de supermãe e mostrar como sua vida é sofrida, não aceita ajuda de ninguém, mas também não é capaz de gastar 30 minutos do seu diazinho miserável pra brincar, conversar, cantar, pintar, ou seja, ter um momento agradável com o filho, porque está sempre muito ocupada e estressada para isso. E assim vai criando um pequeno monstrinho, agressivo, cheio de complexos, com problemas de interação e relacionamento. Nossa! Tô meio revolts hoje. Será que tô exagerando? Mas é que conheço gente assim e me revolta não só seu julgamento errado das pessoas, mas, principalmente, ver o mal que estão fazendo para seus próprios filhos. E acho que a moral da história é: vamos tentar não nos preocupar tanto com a vida alheia e fazer o que mais nos agrada, o que nos faz mais feliz, sem falsos moralismos, seja cuidar de filho o dia inteiro, seja trabalhar o dia inteiro. O importante é fazer com prazer, porque, afinal, todo mundo com um mínimo de bom senso sabe que a única maneira de fazer seu filho feliz é estar feliz também.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

E DE NOVO A CULPA

Basta um dia mais friozinho e chuvoso, basta uma reclamaçãozinha da minha filha às sete e meia da manhã deste dia (“ai mãe eu tô tão cansada... você sabia que eu não gosto muito de passar o dia inteiro na escola?”), basta a empregada faltar bem no dia que a casa está virada do avesso e que não tem nada pra comer e as roupas estão todas sujas, pra que pensamentos nefastos se apoderem do meu cérebro. Xô! Sai pra lá coisa ruim! Eu estava até que empolgadinha com esse negócio de voltar a trabalhar, achando que realmente tinha tomado uma boa decisão e agora vem a culpa me assombrar de novo: “O que afinal de contas eu estou fazendo aqui? Deveria estar em casa montando quebra-cabeça com a Clara. E a noite, coitadinha, vai chegar tão tarde depois da aula de música e eu não vou ter tido tempo de preparar nada gostoso e saudável pra ela comer e nem de passar no mercado pra comprar umas frutas e nem de brincar um pouquinho com ela e nem de contar uma historinha antes dela dormir.” Ai! Que saco essa busca pela perfeição que nos acompanha o tempo todo. Perfeição que, é claro, não conseguimos atingir e só nos faz sentir incapazes, erradas e insatisfeitas. Será que é assim com todo mundo? Eu, pelo menos, acho que as conquistas que as mulheres tiveram nas últimas décadas, apesar de incontestavelmente benéficas, fizeram aumentar, sobre nós, a pressão pela perfeição. Porque afinal, apesar dessa balela de que homens e mulheres são iguais e têm os mesmos direitos e deveres, é de nós que a sociedade cobra que dê aos filhos uma boa educação, uma boa alimentação, muita atenção e carinho, que os criemos felizes e sem traumas, com muito estímulo e com total respeito à sua individualidade. E se alguma coisa der errado, é claro que nos sentiremos culpadas. E como se não bastasse, ainda exigimos de nós mesmas ser bem sucedidas profissionalmente, estar sempre bem informadas, ser super descoladas, ter um ótimo senso de humor e ser magras, malhadas e elegantes. Ufa!!! Daí a gente pode pensar: mas se somos nós que nos cobramos é só parar de nos cobrar e pronto. O negócio é que não é tão simples assim considerando o bombardeio crescente de livros e informações e programas de TV e exemplos dos mais diversos que nos ensinam e nos estimulam a ser cada vez mais perfeitas e corretas. Bem, mesmo assim a gente tem que tentar ficar o mais imune possível a essa onda de politicamente correto e de "seja o melhor, seja um vencedor" que invadiu o mundo e fazer as coisas com dedicação, mas com bom-senso. E o fato é, que nesse momento não me cabe a culpa. A escolha de voltar a trabalhar foi minha e preciso fazer com que essas ideias saiam da minha cabeça e que eu me sinta feliz, leve e realizada mesmo sem atingir a perfeição. Porque afinal, felizmente, ninguém é perfeito.