COISA 1
Meu filho de 1 ano precisa me ter por perto. Fica bem na casa das
avós, gosta de passear e adora estar com outras crianças. Mas, quando estamos
em casa, tem que estar ao meu lado. Precisa o tempo todo do meu sorriso, da
minha atenção, do meu colo, das musiquinhas que eu canto a das brincadeiras que
invento. E eu, o que faço? Eu paro. Paro de ler, paro de ver TV, paro de tentar
ver alguma coisa no computador, paro de arrumar a casa, paro de dormir, paro de
comer, paro de querer fazer qualquer
outra coisa que não seja ficar com ele. E por que faço isso? Faço porque ele
tem 1 ano. Faço porque acredito que crianças de 1 ano tem mesmo a necessidade
de ter a mãe bem pertinho sempre que puderem. Faço isso porque acredito que
quanto mais atenção eu der quando ele solicitar, mais seguro, feliz e preparado
para enfrentar as separações e frustrações da vida ele vai ficar.
Minha filha de oito anos tem dificuldades pra dormir sozinha.
Requer a minha presença todas as noites e precisa que eu esteja bem juntinho
dela pra que, enfim, relaxe e durma. E o que eu faço? Deito na cama dela e fico
lá até ela dormir, ou, então, deixo ela dormir comigo quando o pai não está em
casa. Já admiti que, dificilmente, conseguirei ter aquele “tempinho só pra mim”,
que só é possível depois que as crianças dormem, porque, mesmo comigo ao lado,
ela demora pra pegar no sono e eu, cansada, acabo dormindo antes dela. E por
que eu faço isso? Porque sei que com oito anos o mundo ainda nos parece muito
assustador e são tantas questões e inseguranças e transformações, que devem
deixar sua cabecinha de pensamento rápido e inteligente confusa e amedrontada.
E acredito que a melhor forma de resolver isso é estar ao lado dela, dando
conforto, segurança e amor.
Mas não é só por isso. Na verdade, faço essas coisas e outras
mais, principalmente, porque sinto que estou agindo certo. Antes de qualquer
leitura sobre o assunto, de qualquer racionalização ou imposição, sinto,
instintivamente, que estou fazendo o que deveria fazer. Além disso, faço também
por mim, já que adoro estar com eles. Me sinto feliz, tranquila, realizada. E
tenho total consciência de que, muito antes do que se possa imaginar, eles vão
estar independentes, dando conta de suas vidinhas e não vendo graça nenhuma em
ter a mãe por perto o tempo todo. Então, enquanto eles estão me dando essa
chance, eu aproveito mesmo. Se é certo? E pode ser errado quando todo mundo
fica feliz no final?