E então você
tem uma filha. Bem pequerruchinha, linda e fofa, que precisa de você pra
absolutamente tudo. Você adora essa situação e paralisa toda a sua vida só pra
cuidar daquela coisinha amada. Mas, volta e meia, sente uma pontadinha de
vontade de que ela cresça rápido e se torne um pouco mais independente. Só que
o rápido acontece muito mais rápido do que você imagina. De repente, você se vê
com rugas, pelancas, toda embarangada e mãe de um ser de 8 anos. E você,
que já achava que estava com a vida ganha agora que sua filha tinha se tornado
uma criança educada, carinhosa, interessada e respeitadora, começa a rever os seus
conceitos e a desconfiar que a primeira etapa da educação do indivíduo, na qual
você foi aprovada com louvor, seja, talvez, a mais fácil de todas. Porque
quando os filhos atingem oito anos, seus métodos educacionais, aparentemente,
são postos a prova. Tudo aquilo que parecia ter funcionado tão bem até então, começa
a não ter validade alguma. Além disso, é nessa idade que as crianças começam a achar
que tem o direito de ter vida própria. Oi, como assim, filho tendo vida
própria? É, eu sei, deveria ser proibido, mas não é e acontece. Devemos estar
preparadas. E quando é chegada essa hora, é preciso repensar, rever as
estratégias, ter muita paciência e estudar tudo mais a fundo. E quando eu digo
estudar é estudar mesmo. Vale livro, internet, enciclopédia, qualquer coisa. O
importante é que você tenha um conhecimento mais aprofundado antes de brigar,
pedir, comentar, sugerir ou até elogiar. Porque absolutamente nada vai ser
acatado sem que haja, antes, muita argumentação. Porque aos oito anos, a
sabedoria e a beleza da pessoa (segundo as próprias crianças de oito anos) atingem
seu ápice. E o que os amigos e os personagens dos seriadinhos de TV pensam,
dizem ou fazem é sempre bem mais interessante do que as coisas que os pais têm
pra falar. E é aí que a gente faz de conta que foi acometida da mais terrível
crise de perda de memória recente e fica repetindo os mesmos conselhos, histórias,
previsões e prognósticos assustadores, na esperança de que alguma coisa entre
naquelas cabecinhas que insistem em demonstrar que não estão nem aí praquela
falação toda. E é aí que você se lembra de como sua mãe fazia igualzinho e você
achava a coisa mais chata do mundo, porque você já tinha entendido muito bem o
recado e concordava com ela e achava que ela só podia te achar uma imbecil-desmiolada
pra pensar que um dia você iria fazer coisa parecida ou se tornar algo parecido
com aquela catástrofe que ela anunciava. Mas você acha que a metodologia da encheção
de saco, aplicada por sua mãe, nem te traumatizou tanto assim e talvez até
tenha surtido algum efeito e, na falta de um conhecimento mais aprofundado sobre
a mente dos quase pré-adolescentes, você segue com a mesma técnica. E é nesse
momento que você tem saudades do tempo que suas grandes preocupações eram se
sua filhotinha iria dormir a noite inteira ou iria se comportar bem no restaurante. Mas,
loucamente, você olha praquela menina linda, que, apesar de seus momentos de
rebeldia e deslumbramento, te abraça, te faz massagem, te conta histórias, que
é a sua melhor companhia, que é capaz de falar e fazer tantas coisas legais e que
é tão cheia de bons valores e a saudade fica só na saudade mesmo. Saudade boa e
não saudosismo que entristece. E a expectativa do que vem pela frente, em vez
de assustar, te anima, te enche de perspectivas e te enche de coragem e
entusiasmo. E você se sente o ser mais feliz e privilegiado do mundo por poder
participar tão de perto das descobertas, decepções, questionamentos, rebeldias,
alegrias, da construção, enfim, de uma pessoa.
Eba!!! Feliz por ter enfim encontrado um blog que fale um pouco sobre crianças mais velhas!! Vi que vc tem um bebê de 1 ano, e uma mocinha de 8 anos.... Eu tenho uma mocinha de quase 9 anos (vai completar em dezembro) e já estava desistindo de achar um blog que não tratasse apenas de assuntos "bebezísticos"...heheh
ResponderExcluirBaci