terça-feira, 3 de novembro de 2009

O DIFÍCIL EQUILÍBRIO ENTRE SER MÃE E SER EU MESMA

Logo que eu adotei o cargo de mãe em tempo integral, fiquei bastante preocupada em assumir, rapidamente, todas as suas atribuições. Minha preocupação era a de fazer tudo o que eu morria de culpa por não conseguir fazer: chegar cedo para buscar a minha filha na escola a ponto de conseguir ainda encontrar as professoras lá pra conversar um pouco sobre o dia dela, levá-la na natação e na música e poder ficar jogando conversa fora com as outras mães na sala de espera, tomar café da manhã pacientemente com ela sem ficar insistindo desesperadamente para que ela enfie a comida goela abaixo o mais rápido possível para não nos atrasarmos. Enfim, eu queria tirar o atraso e deixar aquela supermãe suprimida em mim aflorar com força total. E isso de fato foi feito. Passou-se um tempo, eu virei a mãe do ano e agora minhas preocupações são outras. Se antes eu queria me ver exclusivamente como mãe, agora eu quero voltar a me ver como eu era antes de ser mãe. Atenção! Antes de ser mãe, não antes de parar de trabalhar, quando eu era aquela neurótica, desequilibrada, cheia de culpa por achar que não estava fazendo nada direito e sempre com vontade de estar aonde eu não estava. Pois então. Ultimamente estou tentando recuperar um pouco da minha essência. Não que haja uma maneira de ignorar que agora tenho uma família, uma filha. A maternidade muda muito a gente. E é claro que, com exceção de raríssimos casos, acredito, é uma mudança pra melhor. Sou muito mais feliz com quem eu sou hoje, não quero voltar atrás de jeito nenhum. Mas não há como negar que passei 26 anos da minha vida sem filhos. E nesse tempo eu construi o meu caráter, desenvolvi meus gostos, fiz muita coisa que não quero e acho que não devo deixar pra trás. Mesmo porque eu quero que a minha filha saiba que, além de ser a mãe dela, eu também sou um ser com vida própria. Que apesar de saber cantar todas as músicas do Palavra Cantada sempre gostei de Beatles e que gosto tanto de dançar com a criançada as musiquinhas do Baby Hits quanto curtia (e ainda curto) me arrumar e encarar uma boa balada. Acho legal que ela saiba que eu já fiz muitas das coisas que ela irá fazer e que eu não fui uma mãe a vida inteira. E é aí que está a dificuldade em achar o equilíbrio que eu mencionei no tema. A gente tem que se entregar à maternidade sem esquecer quem somos. Temos que mostrar aos nossos filhos que fomos e somos muito parecidos com eles mas sem dar informação demais para que possamos ainda exercer o nosso papel e autoridade de mãe.

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