quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O SONHO ACABOU


Pois é gente... Eu, super feliz e realizada com a minha condição de mãe, dona de casa e madame e fazendo, inclusive, apologia à situação, estou virando a casaca. Semana que vem volto a trabalhar. Mas não se iludam com as aparências, continuo igual, ou seja, continuo adorando ficar mais com a minha filha, ter mais tempo pra mim e pra casa, viver de uma maneira mais tranquila e descompromissada. O que mudou é que a falta de dinheiro começou a incomodar. Quer dizer, pra falar a verdade já tinha começado há algum tempo e vinha assim, tendo seus altos e baixos. Veja bem, me considero uma pessoa nem um pouco consumista, mas não posso negar a minha natureza de mulher e de mãe (e de mãe de menina ainda por cima). Até sabemos que se não comprássemos absolutamente nada pelos próximos cinco anos (dez, quinze, talvez) ainda assim teríamos o que vestir e calçar. Mas daí dizer que não precisamos comprar nada durante todo esse tempo é bem diferente. Deve existir uma explicação biológica pra isso, algo remanescente em nosso DNA, uma característica que um dia fez algum sentido, foi importante pra alguma coisa. Me recuso a acreditar que seja apenas influência do nosso sistema capitalista. Todas as mulheres que conheço são assim. Até as mais desapegadas vez ou outra morrem de vontade de comprar aquela blusinha pelo simples fato dela ser linda! Depois que vira mãe então, todas aquelas roupinhas e sapatinhos parecem perfeitos demais para serem ignorados. E olha que, como eu disse, sou bem controlada na hora de comprar. Penso um milhão de vezes se o que estou comprando vai ser útil, se já não tenho nenhum outro item que tenha exatamente o mesmo uso e quando, mesmo tomando estes cuidados, acontece de comprar uma coisa que será pouco aproveitada me sinto uma verdadeira estúpida. Mas mesmo assim, com todo o meu discurso de “eu não preciso disso pra viver”, que repeti insistentemente para mim mesma ao longo desse ano e meio, acabei fraquejando e me rendendo a tentação do dinheiro. Estou triste por ter que abdicar de tanta coisa boa que a minha vida sem trabalho formal me dava: a tranquilidade e o prazer de estar com a Clara o tempo todo, o trabalho voluntário, as horas de sono a mais, a ausência quase absoluta de estresse. Mas sei que não vai ser de todo o mal. Gosto do meu trabalho e já cheguei a sentir bastante saudade. Foram muitos anos e muito tempo dedicado a ele e, por isso, sinto, de certa forma, que pertenço àquilo. E depois, acho que amadureci durante esse tempo de serenidade. Sei exatamente o que me faz feliz e a que devo dar mais atenção na minha vida. Vou tentar fazer o meu trabalho da melhor forma possível, como sempre fiz, mas espero não carregar mais aquela culpa constante de sempre achar que deveria estar fazendo mais e de achar que estou decepcionando. Aqui, assumo publicamente meu compromisso: vou tentar me valorizar como pessoa e como profissional, ter em mente que estou dando o melhor de mim e voltar para casa de cabeça vazia para aproveitar com qualidade o tempo que terei com minha filha e com meu marido. Espero que dê certo.

2 comentários:

  1. Celina , só agora fiquei sabendo do seu blog e adorei, muito legal , parabéns, parece que vc lê meus pensamentos e sente as mesmas necessidades , dúvidas e angustias que as minhas.
    Estou tão perdida nessa fase que volto a trabalhar e a culpa nao me deixa em paz pensando que meus dois anjinhos estão em casa precisando de mim , ao mesmo tempo tenho medo de me anular como profissional e mulher e ser somente mãe , ainda não sei o que é melhor e ainda nao sei o que fazer .
    abraços

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  2. Oi Lili,
    que bom ter a visita de vcs por aqui. Sabe que estou achando bem divertido esse negócio de blog. A gente descobre que tem muita gente que pensa e sente como nós e que está disposta a nos ajudar e a compartilhar seus problemas e soluções. Com relação a essa questão trabalho versus filhos que angustia 9 entre 10 mulheres, acredito, acho que não existe uma solução única, que funcione da mesma forma para todas. Esse é o tipo de decisão que cada uma tem que tomar pra si mesma. Porque, afinal de contas, apesar de muitas vezes não parecer, no fundo, no fundo, a gente se conhece muito bem e sabe o que funciona melhor pra gente e o que vai nos fazer mais felizes. E o negócio é assumir nossas escolhas sem culpas ou preconceitos E, se por acaso a gente se enganar, sempre tem como voltar atrás. Pelo menos é o que eu acho.

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